27 de março de 2010

CASCAVEL CHEGA AOS 80 ANOS



Há muita confusão sobre a história de Cascavel porque pelo menos três incêndios e um sumiço devoraram nacos importantes dos registros preservados.
O primeiro incêndio se deu em dezembro de 1960, quando a Prefeitura de Cascavel foi criminosamente incendiada. Lá se foram as primeiras leis municipais e antigos documentos do distrito. Alguns se salvaram por haver cópias na Prefeitura de Foz do Iguaçu. O segundo, em setembro de 1968, quando o Fórum da Comarca foi destruído e lá se vai nossa memória jurídica, escapando só o que d. Aracy Biazetto guardou em sua casa, onde funcionava o Cartório do Distribuidor. O terceiro, a queima de uma ala do Arquivo Público do Estado, em 1989, justamente onde havia material referente a Cascavel.
O sumiço se deu quando um pesquisador da história regional desapareceu para lugar incerto e não sabido com os manuscritos de Sandálio dos Santos. Felizmente seu amigo Alípio de Souza Leal transcreveu algumas dessas anotações, publicadas por deferência do filho Mamede Leal no antigo jornal Fronteira do Iguaçu que, aliás, também sucumbiu a um incêndio.
Não me atrevo a dizer que os quatro incêndios estejam relacionados com o objetivo de semear a confusão sobre a história desta parte do Brasil, mas, enfim, arquivos foram queimados. Por isso, não é por sacanagem ou má intenção que alguns acadêmicos derrapam terrivelmente em suas avaliações. São levados a equívocos por suposições, conclusões apressadas ou falta de dados.
A cidade de Cascavel, origem do atual centro-polo do Médio-Oeste paranaense, começa em 28 de março de 1930, quando José Silvério de Oliveira, o Tio Jeca, tal qual ficou conhecido no final de sua vida, em 1966, veio para a chamada Encruzilhada dos Gomes depois da derrota da Aliança Liberal.
Cascavel era, no final do século XIX, um rio e um pouso ervateiro que os soldados revolucionários paulistas e um batalhão governista encontraram entre agosto de 1924 e abril de 1925, no curso da Revolução Paulista. Por essa época, o lugar estava deixando de ser o antigo pouso para se tornar uma propriedade rural, adquirida junto ao governo do Estado e seus controladores por uma família catarinense que tinha Antonio José Elias como patriarca.
Na Encruzilhada dos Gomes, a cidade de Cascavel foi idealizada por Tio Jeca e concretizada pelo prefeito de Foz do Iguaçu, Othon Mäder, que em 1936, já de volta ao governo do Estado, aprovou como burocrata estadual o pedido que havia feito como prefeito de Foz. Coisas da revolução de 30!
Distrito de Foz que se emancipa em 14 de dezembro de 1952, data de sua instalação, Cascavel completa neste março de 2010 mais um importante aniversário desde o início de sua formação urbana: 80 anos.
Por isso, deixo um feliz aniversário aos cascavelenses que realmente amam esta terra e não deixam seu povo passar necessidades. Pois quem deixa o povo passar necessidades não ama a terra, nem sua gente. Pisoteia a terra, pisoteia a gente.



Alceu A. Sperança – escritor




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