O melhor a fazer, então, é buscar qualificar o voto, não se deixar levar por “aparências” e favores e tentar, na medida da nossa consciência, lutar com esta “doença” do analfabetismo político
“Conta” o dicionário que fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. É um fenômeno que ocorre frequentemente em parlamentos, mas também no poder executivo, estreitamente associado à corrupção política. Os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apoiam qualquer governo independente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos.
Apesar de o dicionário ser catedrático na definição, qualquer brasileiro sem um posto de cátedra elevada sabe muito bem o que a perniciosidade que esta prática significa ao sistema político brasileiro, à máquina estatal e, especialmente, à população. Ora, toda vez que o leitor (mais ou menos) consciente escolhe um determinado candidato e “acredita” em suas propostas (promessas), enfim, acredita na “postura” do candidato que pediu seu apoio.
Findo o processo eleitoral, a postura, em geral, já não é a mesma, a ideologia partidária (que nunca foi arrimo para nada mesmo) é posta de lada, para não dizer jogada no lixo, e afloram os interesses pessoais e de poder. Oposição deixa de ser oposição e situação procura acomoda-se de forma ainda mais “confortável” para “sustentar” e manter o poder e suas benesses a qualquer preço em detrimento da sociedade.
Por isso, a manchete de ontem desta Gazeta “Oposição encolhe com ‘troca-toca’ partidário” não chega ser uma surpresa menos desanimadora que a realidade que o jornalismo político tem apresentado ao leitor diariamente. O destaque fica apenas para as “acomodações” feitas até sábado, que foi o prazo final para o famoso “troca-troca” partidário em que os políticos detentores de mandato fazem suas contas e análises e buscam o caminha mais fácil para garantir a reeleição e também os recursos necessários – financeiros e políticos – para a campanha do próximo ano.
Assim, o compromisso com o povo, suas necessidades e expectativas fica relegado planos longínquos da prioridade dos discursos de campanha. Pior é a confusão! Um rápido retrospecto das ultimas quatro campanhas eleitorais mostra que quem antes se “jurava de morte”, hoje, sem qualquer explicação convincente e coerente, trocam “juras de amor”.
A “troca de lado” está tão comum entre os políticos, que o eleitor acaba mesmo se desinteressando pela discussão política. O cidadão que na sua história de vida prima pela decência, honestidade, trabalho digno, honradez e pela construção de uma biografia digna para que sua descendência tenha orgulho e possa nela se espelhar, não quer envolver-se com a malfadada política.
E observe com atenção, caro leitor, que a “praga do fisiologismo” acontece em todos os lugares e esfera: municipal, estadual e federal. O melhor a fazer, então, é buscar qualificar o voto, não se deixar levar por “aparências” e favores e tentar, na medida da nossa consciência, lutar com esta “doença” do analfabetismo político.
Editorial da Gazeta Paraná desta segunda-feira, assinado pelo editor-chefe, jornalista Paulo Alexandre.
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