4 de fevereiro de 2010

MAIS UMA "TERÇA INSANA"!


Uma grande expectativa foi criada em torno da volta dos vereadores cascavelenses em 2010, após o período de descanso, que pensávamos que poderia ter servido para ‘arejar mentes’ e repensar atitudes que fizeram a atual legislatura ter sido tão questionada ao longo de 2009. Por ironia do destino, os parlamentares retornaram em meio a uma discussão polêmica, onde a nossa Casa de Leis poderia dar um ‘cala boca’ nos críticos, mostrando que o interesse coletivo sempre falará mais alto que qualquer ‘segunda ou terceira intenção’.
A votação do veto à revogação da Taxa Sinistro em Cascavel poderia ter sido encarada como essa ‘grande oportunidade’, pois os parlamentares reafirmariam suas posições, conforme a votação do dia 15 de dezembro do ano passado, quando por unanimidade derrubaram o tributo, ratificando a decisão da Justiça, que ainda em novembro de 2009, considerou a cobrança ilegal. Porém, seguindo a toada do primeiro ano de legislatura, os vereadores (escolhidos pelos mais de 80 mil contribuintes) decidiram novamente retroceder em uma decisão, provando que os ‘desfazimentos’ de 2009 não foram motivados pela falta de experiência, mas sim por puro despreparo.
Seria injusto esquecer de mencionar o quarteto de vereadores (Leonardo Mion, Julio Cesar Leme da Silva, Nelson Padovani e Otto dos Reis), sem avaliar se acertaram ou erraram. Esses não podem ser jogados numa mesma vala comum, tampouco, como disse um colega de redação, serem colocados em um ‘jazido dourado’, pois nada mais fizeram do que serem coerentes com seus pensamentos, coisa que seus colegas não tiveram capacidade.
Junto ao retorno das sessões, voltaram os discursos demagógicos de outrora, em tentativas de ‘justificar o injustificável’. Teve direito até a escorregadas ‘sinistras’ (com o perdão do trocadilho); vereador dizendo que “um imposto a mais um a menos não faria diferença para o contribuinte que já paga tantos impostos”. E pior, que “os descontentes que procurem seus direitos”, como se o papel da Câmara não fosse também impedir o leso dos cidadãos. Essa ‘pérola’ fez lembrar outro vereador que em 2009 subiu ‘imponente’ à tribuna para dizer que ‘míseros’ R$ 300 (o trezentinho) era um valor pífio para uma diária de um nobre edil. E por fim, outro ‘nobre’ que falou que os parlamentares foram ‘induzidos’ ao erro por um colega, deixando mais dúvidas sobre o conhecimento de cada um dentro do parlamento.
Após grande expectativa, o retorno do Legislativo frustrou aqueles que acreditavam que com o tempo de descanso, lições seriam aprendidas e erros seriam corrigidos. Em virtude de mais um desfazimento, o contribuinte será responsável pelo pagamento de mais de R$ 2,5 milhões para uma corporação que, independente de suas virtudes e importância, é de responsabilidade exclusiva do Estado.
Diante de mais um ‘flashback’ de cenas que vivenciamos ao longo do ano passado, não adiantará o presidente da Casa vir novamente com as desculpas cansativas que o Legislativo recebeu nove ‘estreantes’ sem experiência, pois elas já não colam mais. Se o ano legislativo em Cascavel seguir nesta mesma ‘toada velha cansada’, não se assustem se nossos vereadores tiverem que pagar direitos autorais a alguns humoristas, pois as terças-feiras legislativas passarão a se chamar “Terças Insanas”!


Júlio César Carignano
Editorial Gazeta do Paraná (04-02-10)