25 de outubro de 2009

A ARTE DE NÃO ADOECER

Dr. Dráuzio Varella

Se não quiser adoecer – “Fale de seus sentimentos”

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então , vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.



Se não quiser adoecer – “Tome decisão”

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.




Se não quiser adoecer – “Busque soluções”

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.



Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc. está acumulando toneladas de peso ... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.
Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.



Se não quiser adoecer – “Aceite-se”

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


Se não quiser adoecer – “Confie”

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.


Se não quiser adoecer – “Não viva sempre triste”

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. “O bom humor nos salva das mãos do doutor”. Alegria é saúde e terapia.

24 de outubro de 2009

TIRANDO A VISEIRA


PAPEL DA JUSTIÇA

O blog ‘pinça’ trechos do interessante debate, ocorrido recentemente em Campo Grande (MS), durante o I Encontro do Fórum Nacional para Monitoramento e Resolução de Conflitos Fundiários Rurais e Urbanos, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (29/09 á 01/10).
O evento reservou momentos raros em que autoridades ligadas ao Poder Judiciário puderam expor seus pontos de vista acerca da função social da terra e da reforma agrária. Mas o destaque fica para a palestra do desembargados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), Amilton Bueno de Carvalho que disse que a ‘função social fundamenta a reforma agrária’. Segundo ele, o Poder Judiciário pode fazer a reforma apenas exigindo o cumprimento da função social da terra prevista na lei.

A FIGURA DO JUIZ
As declarações foram antecedidas de um panorama sobre a crise da lei. Há 30 anos na área, ele lembrou que a lei, no sentido mais amplo, surgiu como elemento racionalizador e como condição civilizatória para impor limites ao poder desmesurado. Como conteúdo ético, portanto, a lei é a forma que o mais fraco encontra para limitar o mais forte, sendo que todo o poder tende ao abuso. O poder do juiz, adicionou, é ainda pior, pois impõe conseqüências a outro ser humano.
A figura do juiz aparece nas referências bíblicas como o defensor dos órfãos e das viúvas, acrescentou o desembargador. Como o magistrado deve proteger "um contra todos", ele não pode ser escolhido pela vontade da maioria, emendou. Ocorre que a lei, desde o primeiro momento, foi aplicada como meio de dominação. Historicamente, o fardo sempre foi mais pesado para o segmento mais frágil e a lei acabou sendo empregada no sentido inverso: em vez de proteger os mais fracos, ajudou a espoliá-los: o aparato legal serviu para perpetuar os mais fortes no poder. "Tem sido sempre assim. E não só no sistema capitalista. Quem faz o poder é a autoridade, não a sabedoria. A lei se tornou produto do poder arbitrário".

RIGIDEZ DA NORMA
Até por conta desse vício interno, a lei (rigidez da norma) não vem sendo capaz, na opinião dele, de dar respostas aos problemas da sociedade (complexidade do real). Como exemplo, o membro do TJ-RS citou as mudanças no Código Penal com relação ao porte ilegal de armas, que passou de contravenção a crime com punição com reclusão de 2 a 4 anos. Como não é tão simples explicar a violência, sobressai a opção pelo endurecimento da lei. "O mundo continua como está. Mas a lei mudou", ironizou.
PÁGINA VIRADA
O momento histórico da legalidade, para Amilton, já passou. Na concepção dele, os princípios supraconstitucionais - que são as regras carregadas de alto grau de abstração e do senso comum da Humanidade, que seguimos como parte da reserva ética e moral - ocupam atualmente o posto de mandamento nuclear do sistema. Os princípios, sustentou, são conquistas históricas obtidas por meio da filtragem do povo que nem o constituinte pode mudar. "Trata-se de uma etapa vencida, uma página virada", comparou.

APLICAÇÃO
Mesmo assim, o espaço da aplicação dos princípios, conforme avaliou o desembargador, continua ainda muito restrita. "Ainda somos positivistas primários", criticou. Os princípios ainda geram pânico e insegurança e os magistrados estão muito presos apenas ao que se vê. "Juristas ainda não atingiram a adolescência. Não conseguem abstrair". Por isso, Amilton declarou que, quando se trata dos conflitos sociais agrários, "já será uma grande coisa" caso o Judiciário não interfira para "atrapalhar". "Se não criminalizarmos os movimentos sociais, já estaremos ajudando" (LEIA MAIS).

22 de outubro de 2009

CARTA DE UM POLICIAL PARA UM BANDIDO



Senhor Bandido.
Esse termo de senhor que estou usando é para evitar que macule sua imagem ao lhe chamar de bandido, marginal, delinquente ou outro atributo que possa ferir sua dignidade, conforme orientações de entidades de defesa dos Direitos Humanos.

Durante vinte e quatro anos de atividade policial, tenho acompanhado suas "conquistas" quanto à preservação de seus direitos, pois os cidadãos, e especialmente nós policiais, estamos atrelados às suas vitórias, ou seja, quanto mais direito você adquire, maior é nossa obrigação de lhe dar segurança e de lhe encaminhar para um julgamento justo, apesar de muitas vezes você não dar esse direito às suas vítimas.

Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois me ensinaram que o Direito Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.

Questiono que hoje em dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e policiais. Antigamente você se escondia quando avistava um carro da polícia; hoje, você atira, porque sabe que numa troca de tiros o policial sempre será irresponsável em revidar. Não existe bala perdida, pois a mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou pelo menos a arma dele é a primeira a ser suspeita.

Sei que você é um pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não possuímos dependências dignas para você se ressocializar. Porém, quero que saiba que construímos mais penitenciárias do que escolas ou espaço social, ou seja, gastamos mais dinheiro para você voltar ao seio da sociedade de forma digna do que com a segurança pública para que a sociedade possa viver com dignidade.

Quando você mantém um refém, são tantas suas exigências que deixam qualquer grevista envergonhado.

Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até juízes e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para protegê-los. Mas se isso é seu direito, vamos respeitá-lo.

Enfim, espero que seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa obrigação também aumentará.Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos, não de lhe matar, mas sim de viver sem medo de ser um policial.
Dois colegas de vocês morreram, assim como dois de nossos policiais sucumbiram devido ao excesso de proteção aos seus direitos. Rogo para que o inquérito policial instaurado, o qual certamente será acompanhado por um membro do Ministério Público e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, não seja encerrado com a conclusão de que houve execução, ou melhor, violação aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em pleno exercício de seus direitos.

Autor:Wilson Ronaldo MonteiroDelegado da Polícia Civil do Pará
Enviado por:Abelardo Gomes da Silva Júnior
Assoc. dos Militares Bachareis em Direito
Diretor Presidente

21 de outubro de 2009

SUPOSITÓRIO


Já que o “blog apócrifo” (hipócrita também) não posta respostas ou comentários das cretinices que escreve, peço a gentileza dos “gardenais” para um pequeno comentário sobre o que o “invisível”, para não dizer covarde blogueiro puxa-saco do Paço postou. Alias, primeiro é preciso ressalvar que apesar das alcunha de “Dupla Gardenal” atribuída ao Luiz Nardelli e ao Fernando Maleski, os dois jornalistas (com diploma e tudo) não precisam tomar o “remedinho” para ter vergonha na cara e coragem de assumirem o que dizem (na TV) e escrevem (em seus blogs). Se bem que, existindo remédio para “cretinice”, o escritor do Ponto A Mais nunca chegou perto. Mas, voltando ao tema principal deste arrazoado (conversa se o inculto não souber), a coluna Política & Cia da Gazeta do Paraná não é apócrifa, tem editor responsável, que sustenta o que escreve e não se esconde atrás de nada, nem de ninguém com cargo. E, em caso de qualquer reclamação de quem vestiu a carapuça ou achou que a mesma ficou apertada, basta ir a sede do jornal, que tem endereço fixo, email e telefone e expor seus argumentos que, plausíveis, podem até gerar retratação. Alias, é preciso registrar também que em toda e qualquer coluna política, o colunista recebe ajuda de muitas pessoas, até para que as informações que publica e as especulações que sugerem, tenham “sustância”... Agora, há que se lamentar que o puxa-saco é dotado de apenas uma espécie de neurônio, aquela que sempre entoa a mesma ladinha: “sim senhor chefinho, muito bem chefinho, o senhor está coberto de razões chefinho, o senhor é perfeito chefinho, o senhor é máximo chefinho... ah... chefinho, o senhor pode sair da piscina? Estou me afogando...”
Com 20 anos de profissão, quem me conhece, lembra bem que meu tempo de assessoria – não poucos 9 anos – foram marcados por profissionalismo e não pelo “puxa-saquismo”... Qualquer dúvida, só procurar no meu local de trabalho... Dou expediente de segunda a sábado e quando não estou na redação, editores e repórteres sempre sabem onde me achar...
Paulo Alexandre
Editor-Chefe
Gazeta do Paraná

19 de outubro de 2009

TEXTO INÉDITO

Trecho do 10º livro de Mário Ferreira de Oliveira em fase de revisão e diagramação e ainda sem título: A moda


A moda não tem cérebro, não tem coração, mas tem o poderde influir no cérebro e no coração das pessoas, especialmentena juventude. Mais forte que o bom senso, mais forte que as leis,mais forte que as religiões, está a moda, poderosa e absoluta.
A moda é uma arte, não é obra da natureza, não faz parte dabeleza natural; não é um código moral, de sensatez ou dignidade.Os criadores da moda são hábeis, gananciosos e espertos. Des-cobriram que há um vazio na mente do ser humano e os criadoresda moda vislumbraram a possibilidade de tirar proveito. Atravésda ídia colocaram a idéia da moda na mente das pessoas. Tiveramum sucesso tão grande que as pessoas se comportam hoje comomarionetes nas mãos dos malabaristas.
A moda muda com certa freqüência, de acordo com interessedos grupos econômicos, e os danos que ela causa são absorvi-dos pelo povo, porque se transformaram em hábitos e costumes.
Antigamente estavam na moda as guerras e valentias; o jovemtinha que ser corajoso guerreiro e valente. Os governos precisa-vam de soldados fortes e valentes para combater seus inimigos.Felizmente nos dias de hoje a guerra não está mais em moda, masa violência ainda permanece nos costumes das pessoas.
A educação, antídoto da violência não consegue detê-la. Como advento dos meios de comunicação que beneficiam poucos eprejudica muitos, o povo se tornou massa de manobra, não só dogoverno, mas também de grupos econômicos; segue como um re-banho, tangidos por malabaristas anônimos que tiram proveito davaidade e ignorância do povo. O trabalhador é apenas um númerode identidade; seu salário está sempre comprometido, a ele sóresta produzir bens e dar lucro.
Mercantilistas gananciosos ditam a moda, formam “quadrilhas”e utilizam os meios de comunicação para ganhar fortunas com faci-lidade. Lançam um produto no mercado já sabendo o quanto vãovender e o quanto vão lucrar. O que adianta se colocar contra ocigarro e a bebida se a moda colocou na mente das pessoas queé chique fumar e beber? Ou o contrário, combater o cigarro agoraé moda... Apenas modismos...
O ser humano sente que está sendo prejudicado pelos costumese vícios, mas não tem uma personalidade forte para divergir, entãoele segue a “tropa”, não pode parar porque todo mundo caminha namesma direção. Prefere errar com a maioria a acertar sozinho.
As pessoas em sua maioria têm preguiça de pensar, por issoaceitam a moda, e por mais ridícula que seja ela já está pronta eacabada para ser usada. No ramo de vestuário e calçado a modadecide o que as pessoas – principalmente os jovens – vão vestire calçar no próximo verão ou no próximo inverno aquela famosaetiqueta.
Os jovens ficam imaginando qual será a moda que vai ser lança-da no mercado. Cada um quer ser o primeiro a calçar e vestir-se namoda. Fazem qualquer sacrifício e pagam altos preços, utilizam cre-diário, mas andará na moda custe o que custar. Os gananciosos deplantão que têm a mídia e os estilistas em sua folha de pagamento,lançam moda nova para recolher o dinheiro circulante e agradecemao povo alienado...
A moda exerce um fascínio total quando se trata de vestuário fe-minino. As jovens fazem o possível e até o impossível para estaremna moda; e muitas vezes com certo exagero, preferem pecar pelo ex-cesso que pela omissão.
O que parecia impossível aconteceu, a beleza escultural do corpofeminino está sendo violentada com essas calças e saias que deixamà descoberta a metade do traseiro da mulher. Com a cinta apertandoas nádegas, a mulher fica deformada, perde a cintura original.
Todas as canções de amor cantada em prosa e verso exaltando abeleza da mulher com uma cintura de violão, não eram suficientes paradescrever a beleza feminina. Mas agora para aquelas que estão namoda, com cintura a “meia bunda”, a “éguinha pocotó” do Lacraia estáde bom tamanho.

6 de outubro de 2009

AS NULIDADES CONTINUAM A TRIUNFAR



CRÔNICA


Velha frase
O senador liberal havia desistido da sua candidatura à Presidência da República. Intelectual respeitado, homem de grande cultura, havia sacudido a política econômica como ministro da Fazenda e prestado relevantes serviços na área diplomática, mas nem por isso fora poupado de ataques caluniosos da oposição. Subiu à tribuna do Senado e fez um discurso arrasador, do qual uma frase é lembrada sempre que o Brasil entra em crise de valores. Esta:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".


O senador é Rui Barbosa e o ano é 1914.

E hoje? Para cada lado que olhamos, a frase se aplica. O cidadão não tem senão de mudar uma palavrinha ou outra para caracterizar exatamente do que e de quem está falando.
Olha para as pessoas que tiram vantagem da força e do físico, e para as que chegaram aonde chegaram passando por cima dos mais fracos, abrindo o caminho a cotoveladas, e conclui:


De tanto ver triunfar os violentos, de tanto ver prosperar a intolerância, de tanto ver crescer a brutalidade, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos arrogantes, o homem chega a desanimar da serenidade, a rir-se da moderação, a ter vergonha de ser bom moço.


Olha para as figuras do Congresso Nacional, pesa as atitudes dos parlamentares, avalia seus embates, e pensa:


De tanto ver triunfar os Severinos, de tanto ver prosperar a corrupção, de tanto ver crescer a politicagem, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos oportunistas, o homem chega a desanimar da seriedade, a rir-se da missão, a ter vergonha do legislador.


Contempla o panorama da Justiça e de novo parodia a frase do jurista baiano:

De tanto ver triunfar os malfeitores, de tanto ver prosperar a impunidade, de tanto ver crescer o número dos criminosos libertados, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos de magistrados burocráticos, o homem chega a desanimar da Justiça, a rir-se dos processos, a ter vergonha de seguir a lei.

Considera o mundo do futebol e novamente evoca e adapta a frase de Rui:

De tanto ver triunfar os mercenários, de tanto ver prosperar o negócio dos passes, de tanto ver crescer a ladroagem dos árbitros, de tanto ver multiplicarem-se as armas e os porretes nas mãos das torcidas organizadas, o homem chega a desanimar da competição, a rir-se da paixão, a ter medo de usar a camiseta do clube.


Olha constrangido para a televisão, percorre desanimado os programas da semana na busca de relevâncias e sorri ao encontrar paralelos entre o que vê e a velha frase:


De tanto ver triunfar os canastrões, de tanto ver prosperar a baixaria, de tanto ver crescer a mediocridade, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos vendedores, o homem chega a desanimar da verdade, a rir-se da cultura, a ter vergonha de ser artista.


Olha o panorama das artes, o mundo das galerias, das academias de letras, da arquitetura, das idéias e de novo brinca com a frase do Rui:


De tanto ver triunfar os alquimistas, de tanto ver prosperar a repetição, de tanto ver crescer a ânsia de celebridade, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos do mercado, o homem chega a desanimar da arte, a rir-se do talento, a ter vergonha de ser idealista.


O pior é que a coisa só pára por aqui porque o espaço acabou.


FONTE - Vejinha São Paulo (30 setembro 2005)

4 de outubro de 2009

FISIOLOGISMO



O melhor a fazer, então, é buscar qualificar o voto, não se deixar levar por “aparências” e favores e tentar, na medida da nossa consciência, lutar com esta “doença” do analfabetismo político


“Conta” o dicionário que fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. É um fenômeno que ocorre frequentemente em parlamentos, mas também no poder executivo, estreitamente associado à corrupção política. Os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apoiam qualquer governo independente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos.
Apesar de o dicionário ser catedrático na definição, qualquer brasileiro sem um posto de cátedra elevada sabe muito bem o que a perniciosidade que esta prática significa ao sistema político brasileiro, à máquina estatal e, especialmente, à população. Ora, toda vez que o leitor (mais ou menos) consciente escolhe um determinado candidato e “acredita” em suas propostas (promessas), enfim, acredita na “postura” do candidato que pediu seu apoio.
Findo o processo eleitoral, a postura, em geral, já não é a mesma, a ideologia partidária (que nunca foi arrimo para nada mesmo) é posta de lada, para não dizer jogada no lixo, e afloram os interesses pessoais e de poder. Oposição deixa de ser oposição e situação procura acomoda-se de forma ainda mais “confortável” para “sustentar” e manter o poder e suas benesses a qualquer preço em detrimento da sociedade.
Por isso, a manchete de ontem desta Gazeta “Oposição encolhe com ‘troca-toca’ partidário” não chega ser uma surpresa menos desanimadora que a realidade que o jornalismo político tem apresentado ao leitor diariamente. O destaque fica apenas para as “acomodações” feitas até sábado, que foi o prazo final para o famoso “troca-troca” partidário em que os políticos detentores de mandato fazem suas contas e análises e buscam o caminha mais fácil para garantir a reeleição e também os recursos necessários – financeiros e políticos – para a campanha do próximo ano.
Assim, o compromisso com o povo, suas necessidades e expectativas fica relegado planos longínquos da prioridade dos discursos de campanha. Pior é a confusão! Um rápido retrospecto das ultimas quatro campanhas eleitorais mostra que quem antes se “jurava de morte”, hoje, sem qualquer explicação convincente e coerente, trocam “juras de amor”.
A “troca de lado” está tão comum entre os políticos, que o eleitor acaba mesmo se desinteressando pela discussão política. O cidadão que na sua história de vida prima pela decência, honestidade, trabalho digno, honradez e pela construção de uma biografia digna para que sua descendência tenha orgulho e possa nela se espelhar, não quer envolver-se com a malfadada política.
E observe com atenção, caro leitor, que a “praga do fisiologismo” acontece em todos os lugares e esfera: municipal, estadual e federal. O melhor a fazer, então, é buscar qualificar o voto, não se deixar levar por “aparências” e favores e tentar, na medida da nossa consciência, lutar com esta “doença” do analfabetismo político.



Editorial da Gazeta Paraná desta segunda-feira, assinado pelo editor-chefe, jornalista Paulo Alexandre.

2 de outubro de 2009

PÃO, CIRCO E PASTELÃO!


Cultura criada ainda na história política do Império Romano, antes de Jesus Cristo, a política do “Pão e Circo”, tinha por objetivo promover espetáculos, encenações, lutas entre gladiadores, no sentido de desviar a atenção da população que habitava o reinado romano. O intuito era manter os plebeus afastados da política e de questões sociais. Em suma, uma maneira de manipular a plebe e mantê-las longe de decisões do governo, tomadas à quatro paredes. Ao mesmo tempo dessas decisões, os Césares alimentam o povo, lhe distraindo, além das encenações com muita comida, popularizando o chamado “Panis et Circenses”, que depois imortalizado em canção da banda Os Mutantes. Enfim, o povo era cooptado pelo riso e pela barriga.
Já a “Comédia Pastelão” foi um gênero criado antes dos anos 20, na fase do cinema mudo, tinha como característica “películas” de riso fácil, cenas como escorregões e tropeços, tortas na cara, ou em outros casos, tragicomédias, pois brincam com situações sérias do cotidiano popular.
Apesar de culturas antigas, engana-se quem pensa que tanto o “Pão e Circo” quanto o “pastelão” estão fora de moda, pelo contrário eles continuam dando o tom em outra área, numa versão “não tão cultural” impregnando nossa política e sociedade.
O novo híbrido entre o pastelão e pão e circo está super vivo e pode ser acompanhado no “centro cívico” de nossa cidade. É uma pena – ou não – que nossa população não acompanhe os atos de nossos representantes, pois bastaria uma passadinha de dez minutos em um período de sessões do nosso parlamento para verificar a manifestação do conjunto entre a política romana milenar e a cultura criada no início do século passado.
Trapalhadas, gracejos, gafes, manobras, armadilhas, enfim, encenações para todos os tipos e gostos. Outra coincidência entre o Legislativo e a comédia pastelão é o desrespeito entre colegas. Quem não lembra de Stan Laurel e Oliver Hardy, os clássicos Gordo e Magro - que apesar de inseparáveis - arrancavam gargalhadas quando se esbofeteavam em cena. A nova versão do clássico é recheado de arapucas contra colegas – como na recente situação do PPA e agora também no pacote tributário – sem contar o desrespeito quando um colega está falando ou gracejos com os espectadores da plenária e até mesmo falta de quorum em interesse público.
Mas como espetáculo só sobrevive com um público e o pão e circo só se propaga com uma platéia doutrina e domesticada, não faltam os “macaquinhos de auditórios”, obrigados a ficarem até o final da tragicomédia, pagos para rir das palhaçadas alheias, ou melhor, da cara do eleitor e da população, que apesar de não pagar ingresso para assistir, não sabe o quanto tudo isso pode custar caro para sua realidade, pois assim como já disse Os Mutantes em outrora, os domesticados da “sala de jantar estão preocupados apenas em nascer e morrer”, e não em mudar todo esse estado de coisas.


Júlio César Carignano
É jornalista e escreve no jornal Tribuna das Cidades